A pior crise de ansiedade que eu já tive na minha vida

ansiedade
Olá pessoal, tudo bem com você?
Como prometido na última postagem, hoje vou falar como foi a pior crise de ansiedade que eu já tive.

Era dia 20 de outubro de 2014, três dias depois da minha "primeira crise". Mesmo com muito medo de sair de casa e passar mal, fui assistir aula na universidade, pois achava que ficando em casa me sentiria pior ainda. Eu não estudava na minha cidade.Tinha que viajar 72 km para chegar na universidade, que ficava localizada na cidade vizinha. Só de pensa nessa viagem eu já estava apavorado. A estrada é meio deserta e eu ficava me perguntando o que ia fazer se passasse mal no meio do caminho.

Apesar do medo, a viagem foi tranquila, não senti absolutamente nada.

Chegando lá, fui direto para sala. Como estava atrasado em muitas disciplinas, passei a estudar a tarde e não conhecia ninguém na sala em que estava. Imagine a insegurança que me angustiava. Estar em um lugar onde você não conhece ninguém e com a possibilidade de passar mal a qualquer momento.

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A tarde foi passando e não senti nada. Cheguei até a esquecer do medo. Por um instante eu me concentrei na aula e consegui bloquear todos aqueles pensamentos insistentes que me rondavam nos dias que sucederam minha crise. Tudo estava bem. Terminei a atividade e sai para beber um pouco de água. Ao beber senti um principio de engasgo. Me assustei, o coração acelerou e fiquei em alerta. Era só isso que a ansiedade queria. O mundo começou a desmoronar.



Com o susto, minha respiração ficou alterada, meu coração disparou, senti um arrepio e pensei: "vai acontecer de novo". Numa tentativa frustrada de me acalmar, entrei na sala e tentei fingir que nada tinha acontecido. Já era tarde demais...

A falta de ar aumentou. Senti um aperto no peito que veio acompanhado do pensamento que mais assombra quem tem problema com ansiedade: "vou ter um ataque cardíaco". O suor começou a cair e uma inquietação tomou conta de mim.

Saí da sala, comecei a andar, não adiantou. Sentei, tentei controlar minha respiração, não adiantou. Sabe aquelas cenas de filme em que o personagem anda no meio de uma multidão e todos passam rápido por ele como vultos? Eu estava sentindo algo parecido. Dezenas de rostos desconhecidos passavam por mim. Desisti de lutar sozinho. Liguei para minha namorada, que morava a poucos metros a universidade. Por sorte ela veio rápido. Uma preocupação a menos, agora não estava mais só.

Achei que tudo ia se acalmar com a presença dela, mas estava enganado. Eu ainda ia sentir muitos sintomas. Muitos mesmo...

Minha visão ficou embaçada, o mundo começou girar. Sentei, pedi água com açúcar pra moça da cantina. Ela achou estranho. "Geralmente os jovens preferem café", deve ter pensado ela.

A água com açúcar não fez nenhum efeito. Apensar de eu ter acabado de beber água, minha boca estava seca. Tentei me levantar e vi que minhas pernas estavam fracas e tremulas, assim como minhas mãos.

Não consigo imaginar o que passou na cabeça da minha namorada naquele momento. Deve ser estranho ver alguém que você gosta de um jeito tão atordoado sem nenhum motivo aparente e mais estranho ainda não poder fazer nada.



Ela me chamou pra ir para um local mais ventilado. Fomos para um pracinha que fica dentro da universidade. Me deitei em um banco. Sempre via nos filmes as pessoas deitando e se sentindo melhor. Não adiantou, eu não conseguia encontrar nenhuma posição confortável e tudo que eu fazia só piorava tudo.

As dores aumentavam. A tremedeira e fraqueza também. Não sei quantos minutos passaram, mas pra mim, aquele espaço de tempo parecia eterno.

Nunca gostei de chamar a atenção. Sempre fui tímido. Mas nesse momento o extinto de sobrevivência falou mais forte e decidi ir pedir ajuda de uma professora que estava na pracinha. "Professora, eu não estou bem. Me leva pro hospital por favor?!" foi o meu pedido de socorro. Ela disse que estava sem carro, mas que ia pedir pra outro professor levar. Fiquei aguardando pelo professor. Com muita vergonha, mas com mais medo ainda.

O professor chegou, eu e minha namorada entramos no carro. O SAMU ficava a uns 15 ou 20 minutos dali, não sei ao certo. No caminho senti que meus batimentos cardíacos estavam se normalizando e todos aqueles outros sintomas estavam indo embora. Não conseguia parar de pensar "o que está acontecendo comigo?", "vai ser sempre assim agora?".


Durante o percurso o professor fez aquelas perguntas que todos nós que sofremos de ansiedade estamos acostumados a escutar "O que causou isso?", "Você anda estressado?", "Tá se alimentando direito". As respostas foram "Não sei", "não" e "sim".

Chegando no SAMU, eu já estava bem. Minha vontade era ir embora. Tentar pegar o primeiro carro e ir pra casa. Me esconder no meu quarto até esse fantasma e sumir. Mas eu não podia. Tinha que esperar um médico me examinar.

Encontrei uma amiga que estava estagiando lá. Ela perguntou o que eu tinha. Tentei explicar, mas como explicar algo que nem eu mesmo estava conseguindo entender?

Minha pressão e temperatura foram verificadas. Estavam normais. Entrei no consultório. O médico me deu boa noite e perguntou o que eu estava sentindo. Eu descrevi tudo que tinha acontecido nos últimos dias e contei o turbilhão de sintomas que havia sentido momentos antes. Ele escutou atentamente e começou a escrever. Aguardei o diagnóstico.

O médico foi bastante atencioso e reafirmou o que os outros já tinham dito: eu tinha sintomas de ansiedade. Eu perguntei: "Dr, mas ansiedade de que?"
Ele começou a me explicar o que era ansiedade patológica. Eu até já tinha pesquisado um pouco antes, mas ouvir da boca de um médico sempre passa uma maior segurança. Ele disse que eu precisava procurar um psicologo ou psiquiatra e prescreveu um calmante que eu tomei na hora. "Esse calmante vai dar bastante sono", ele afirmou. Não deu, o sono demorou pra chegar naquela noite.

Saindo de lá, o professor me deixou na casa da minha namorada. Eu aguardei lá até o horário de pegar o transporte para viajar os 72 km da volta e pensar bastante sobre isso.

Chegando em casa, entrei e fui direto para minha cama tentar dormir. Demorei a cair no nosso. E sono foi algo que eu sempre tive de sobra.

Assim terminou o dia da minha pior crise.

Depois dele veio a hora de tentar explicar para minha vó e logo depois a difícil decisão de ir procurar um psiquiatra. Depois eu conto pra vocês.

Observação: Não sei se vocês repararam, mas a minha pior crise foi no inicio. Isso significa que não ficou pior. O pior é o inicio. Tive momentos bem turbulentos, mas consegui passar por todos e aprendi muitas coisas. Vou contar tudo aqui!


A pior crise de ansiedade que eu já tive na minha vida A pior crise de ansiedade que eu já tive na minha vida Reviewed by Welligton Magalhães on fevereiro 24, 2018 Rating: 5

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